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Trecho do Livro: O visualismo, pós-moderno
Trecho do Livro: O visualismo, pós-moderno


Quarta Parte:
Trecho escolhido por mim: O Jamaçu (de Bidd-Arabin);                                                
que é um Filme tirado do Romance Espelhos de sol,                                                 
para incluir neste volume: O Visualismo, pós-moderno.
 
  
 
(...) Me  perguntaram:
Qual a obra ou trecho? Que mais te inspirou a escrever,
sentindo as forças de um sexto sentido, assim,
numa inclusão de surrealismo e Visualísmo ao mesmo tempo?
Resposta:
Em todas elas, há uma mistura se sentimentos místico, valorizando o surrealismo, que é nada mais e nada menos de que (Aquilo que vai além do realismo). Mas eu vos citaria a Obra: “O Jamaçu de Bidd-arabin” (Trecho descrito no Romance: Espelhos de sol); numa narração de um filme, a qual senti a força energética da vocação circular em mim; e ao mesmo tempo pude ir sentindo as cenas do filme que criava, numa tela embutida em mistério, mas muito real, focalizando cenas e cores – vozes de personagens nitidamente visíveis a todos os cinco sentidos humanos somado do sexto, talvez!... Mediante a revelação, nos dispusemos à republicação neste volume.

O FILME ERA ASSIM:
Obra Completa
 
 
O JAMAÇU (de Bidd-Arabin)
 
 
UM FILME ESCRITO POR LESTHER MONT
E PRODUZIDO POR FÁBIO MILITÃO JÚNIOR:
ESTRELANDO - BRUNA MARIA GARCIA.
 
 
Elencos:
 
 
Stevan Sabah
Ruth Heleza
Rhoy Sabah (12 anos)
Boorgon do Jamaçu (mestre mágico)
Moorkim (o Negro Verde)
Boorg Sá (presidente de Ilha de Thurui)
Ijaraque e Ijara: o casal indígena (pais de Woorkim)
Mira Sândi
Jaime Quilis (o casal em lua-de-mel)
Susi Dumont (a cantora da ilha)
Rauf (o capitão)
Cao-Hellem
Senhor Meskih (Rasther Meskih)
Dr. Ideko de Sá
Sr. Frank (diretor da boate)
Kelly Strach (cantora da ilha)
Dr. Broy Scaam (Juiz de Direito)
Wél Rhoy do Jamaçu (o menino invisível)
Rhoy do Jamaçu (o menino visível)
Bidd-Arabin (Chefe Selvagem)
O jamaçu (a flor roxa de encantamentos)...

Introdução
 
 
O Jamaçu (de Bidd-Arabin) é uma lenda que fala do encantamento de uma flor roxa que nasceu junto das águas de um pobre riozinho que fragilmente rolava na ilha indígena dos Arabins.
Bidd-Arabin (Chefe Selvagem) procurava-a há tempos, achando-se merecedor de obter aquele seu poder (segundo a sua história), mas as coisas não saíram como ele esperava...
A tal sorte coube a um menino de apenas 12 anos que alegremente sobrevoava a ilha num pequeno avião branco de listras vermelhas, de propriedade de seus pais (Stevan Sabah e Ruthi Heleza), que veio então a cair...
O casal ficou desacordado.
O menino Rhoy, ainda em si, foi se arrastando com muito esforço até as águas e, ao tomar um pouquinho de água... Esbarrou nela, sem saber do poder que a tal plantinha tinha (e foi então surpreendido)...
De repente surgiu um grande clarão quase sem fim... Quando então fora premiado pela flor roxa do jamaçu. (que quer dizer encantamentos)
O menino, pasmado, caminhou então até os seus pais e, tocando-lhes, caiu sabre eles novamente o fôlego de vida.
Amedrontados... Disseram assim:
- Rhoy tem poder?
- Sim, meus pais! - Respondeu ele. (agora eu sou Rhoy do Jamaçu!).
E dali em diante começaram todas as suas complicações e glórias!
O Jamaçu (de Bidd-Arabin) é parte do Romance: Espelhos de sol (de Lesther Mont).
No romance entra como uma lenda e um filme feito pelo personagem de Fábio, que se casou com Bruna Maria (personagem principal) e montou uma produtora de filmes.
Nesse filme você conhecerá a dramática história da cantora Susi Dumont, que ficou presa na Ilha de Thurui, vigiada por capangas, que a mantinham ali para fazer os shows da ilha turística, em troca de uma ninharia de dinheiro - mas no fim termina tudo bem!

O jamaçu (de Bidd-Arabin)
 
Capítulo primeiro
 
 
Batucava... E batucava, lá no seio das matas, com danças e cânticos natos, a grande tribo indígena de Bidd-Arabin.
Enquanto isso...
Stevan Sabah e Ruthi Heleza sobrevoavam a famosa e grande ilha paralela ao mar com um avião branco de listras vermelhas. Ali estava também o pequeno Rhoy, um menino esperto de apenas 12 anos (filho do casal).
Sobrevoavam felicíssimos porque, para eles, era de todas, a melhor aventura... E iam pelos ares fazendo gracejos e admirando o azul do céu e o verde das matas.
O mar resumia toda a beleza daquela paisagem...
E trazia sobre lindas ondas espelhantes do brilho do sol uma notável barca azul (e, sobre ela, um moço vestido de branco).
De repente exclama:
- Não... Não é possível! Ah, meu Deus!
- O que foi Stevan?
- O que foi papai?
-      O avião está dando defeito... Nós vamos cair...
- Ah, meu Deus! Vamos cair no meio dos índios!...
De repente, um Ah, ah, ah! Bem esticado se ouvia dos lábios amedrontados. E o avião caía...
Lá estavam eles caídos à beira de um lerdo riozinho que mal tinha forças para rolar pedrinhas.
Stevan e Ruthi estavam desacordados com ferimentos em todo o corpo. Mas eram leves... Porque o avião tinha caído sobre uma árvore e deslizado até o chão.
Rhoy, quase sem forças e ferido, engatinhava à beira do rio para molhar o seu rosto e tomar um pouco de água. Foi com muito esforço que conseguiu tocar as águas e beber enfim um pouco, já quase desfalecendo...
Rhoy, o menino esperto, desfalecia sem esperança de vida, considerando que seus pais já tinham partido deste mundo...
Mas, por sorte do destino, a sua mão cansada e franzina tocou em uma pequena flor roxa que tinha encantamentos!
Rhoy esbugalhou os olhos de pavor:
- Meu Deus, o que será isso? (Era uma luz que subia de dentro as flores roxas do jamaçu, que parecia um clarão elétrico).
Assustado, foi em direção ao seu pai, dizendo:
- Acorda papai, acorda!
E quando Rhoy tocou nele, então acordou assustado e começou a chorar...
- Ruthi morreu, Ruthi morreu... E agora? Meu Deus!
- Não chore, por favor, papai! Ela despertará com um toque de minha mão, qual fez com o senhor!
Então Rhoy tocou nela e Ruthi despertou espantada, dizendo:
- Estão vivos?
- Sim, graças a Deus, estamos!
Levantando-se os três, foram aos pedaços de avião em busca de uma pasta de primeiros socorros e, enquanto cuidavam dos ferimentos, ouviam as explicações do menino acerca do poder que havia se manifestado naquela flor roxa (com clarões de encantamento).
 
(Minutos depois...).
Estavam todos contentes, comendo os lanches espedaçados que estavam entremeio as ferragens do avião. Era gostoso comer, falar e cantar, e mais ainda se banhar as águas do riozinho.
Os três riam de alegria pela grande sorte de estarem vivos, quando então começaram a ouvir rumores de vozes e esbarros de pernas entremeio as matas. Eles vinham trazendo tacos de morte (e rodearam-nos).
Morungu, morungu... Saboriá, riá, riá... E já foram encostando as flechas no peito dos três.
Mas o menino estava sentado à beira do riozinho com a mão bem perto da flor roxa, o jamaçu!
Então ouviu alguém que começou a lhe falar:
- Menino... Menino... Arranque logo essa flor roxa e seja o jamaçu! (de Bidd-Arabin)
Rhoy, um tanto assustado, arrancou-a, e o jamaçu emanou um grande clarão... E à sua direita apareceu um homem vestido de branco com todas as instruções necessárias acerca do jamaçu.
Na cabeça ele portava um boné azul em que estava escrito assim, na sua frente: BOORGOM DO JOÃO (mestre mágico). Sob o boné havia pendurado um rabicho de cabelo, preso por uma fita vermelha.
O invisível mestre mágico Boorgom do Jamaçu se manifestava ao menino por ele ter tocado, sem saber, na flor roxa.
- Menino, menino! Agora você é um jamaçu, o mágico das aldeias de Bidd-Arabin.
Enquanto falava, irradiava-se uma grande luz!
E os índios fugiram tomados por muito medo... Boorgom foi levando toda aquela grande luz, dizendo:
- Se precisar me chame pelo nome: Boorgom do Jamaçu. (e eu lhe receberei)
O menino, assustado, apareceu diante dos seus pais, que estavam bem próximos, dizendo:
- Vamos daqui, papai e mamãe, estou fortemente assombrado...
- Sim, filho, nós também... Vamos...
E     foram rumo ao mar.
Porém, chegando próximo das aldeias, o menino explicava o que tinha acontecido. (E isso na linguagem indígena, pelo dom que recebera da flor roxa).
Mas irou-se o verdadeiro Bidd-Arabin, chefe das aldeias, porque ele procurava há muitos anos pela flor roxa que tinha o encantamento e, segundo a concentração e a experiência dos velhos índios, já era tempo de encontrá-la. O que tornava difícil encontrá-la era o fato de ser uma plantinha muito humilde à beira daquele riozinho.
Bidd-Arabin, o cacique, andava pra lá e pra cá, enfurecido...
E     batia com a tabaca as suas mensagens... Depois parava e exclamava com forte voz:
- Athano Noquitá, labroá, ithim... Orguibóo sullim: Athano poor lae Jamaçu. (Quero resgatar menino hoje... Cacique foi enganado! Quero poder de Jamaçu!).
Saíram então os guerreiros de Bidd-Arabin pelas matas e pela beira-mar em busca dos três... E crescia-lhes a ansiedade de encontrá-los...
E lá estavam os três desesperados, sem horas e sem transporte para fuga...
De repente viram uns vultos que vinham mares afora e gritaram:
- Socorro!... Ajude-nos!
(mas de lá era impossível ouvir o clamor de vozes, devido à distância e aos estouros das ondas).
Mas de lá se viam vultos...
Era Negro Velho que vinha mar afora, navegando com o seu barco pesado das pescarias... Oras, à hora não se sabia!
O    nevoeiro se estendia mar afora, ocultando o resto de sol... No pequeno bolso, o velho relógio paralisado... Já dormia sem o arrocho das cordas...     No balanço das horas... O velho se entristecia, tomado por um gigantesco medo (do temporal e da ilha dos índios).
De repente uma grande alegria se dividia em duas partes: uma no mar e outra pelos três que diziam:
- Nos ajude, por favor!
Agora, cheio de coragem, Negro Velho vinha com seu barco pesado, quase indo a pique, trazendo peixes e muita alegria... E encostou-se à Ilha dos Arabins, como era conhecida, cheio de querer ajudá-los.
Naquela hora, um se animou com o outro. Eram quatro pessoas temerosas... Mas com muita esperança de sair daquela situação.
Negro Velho queria ajudá-los, mas naquele momento era impossível navegar devido ao temporal. Precisavam ficar ali aquela noite até o amanhecer. (ainda bem que os índios se retiraram deixando a busca para o outro dia)
Negro Velho não era bobo, pois conhecia todos os sistemas indígenas porque era filho de índios também.
- Sabem, meus novos amigos - dizia-lhes - estamos numa ilha muito perigosa. Os arabins matam sem piedade... E para comunicar-se com eles se torna difícil, porque falam uma língua de difícil interpretação... Mas temiam a tempestade... Dizendo ser vingança do deus Thacoa (deus da Natureza). Por isso nós ficaremos aqui até o amanhecer... Mas precisamos nos esconder da tempestade. Pela manhãzinha nós partiremos...
E foi assim que ficaram.
Esconderam-se numa toca e comeram dos peixes de Negro Velho.
Não havia como dormir e nem tampouco como sair dali, devido ao temporal.
Pela madrugada a chuva cessou (só havia rumores de vento, sem coriscos, sem raios e sem o rugido do mar)... Eram silêncio e árvores caídas por todos os lados... E uma esperança enorme de navegar pelas águas do mar...
Assim, embarcaram mesmo sem saber como era a face do sol. Era preciso partir antes da nova busca dos arabins.
Enquanto navegavam...
Lá na aldeia, Bidd-Arabin andava pra lá e pra cá, enfurecido... E batia com a tabaca as suas mensagens... Depois parava e exclamava com forte voz.
- Athano noqui e labros, ithim... Orguiboo, sullim: Athano poor lae jamaçu. (Quero resgatar menino hoje... Cacique foi enganado! Quero poder de jamaçu!).
Sem demora todos partiram pelas matas e pela beira-mar, exclamando em alta voz:
- Morungu, Morungu, Saboriá: Riá, riá...
Morungu era o nome do deus que eles invocavam.
- Saboriá significava incorpora.
- Ria, riá significava vem, vem.
(Morungu, Morungu, incorpora: Vem! Vem!...). 

O jamaçu (de Bidd-Arabin)
Capítulo II (parte 2)
 
 
Um gigantesco navio se desprendeu das águas oceânicas, no Porto de Kao-ollim, levando uma turba eufórica de turistas de todos os lados. Sobre ele iam bandeiras de quase todas as nações, alçando pelos ares místicas expressões de alegria de diversas linguagens.
Todos navegavam contentes naquele belo navio branco que partiu do Porto de Kao-ollim com destino à Ilha de Thurui, que ficava a oito quilômetros aproximadamente da Ilha dos Arabins.
Passaram por ela.
Naquele belo navio havia um palco para shows em que todos se divertiam no percurso da viagem. Havia também um conjunto de sambistas brasileiros.
 
E lá longe... Bem longe...
Pelas águas longínquas navegavam...
E depois de alguns dias entrou pela boca da noite
A horrível borrasca, enchendo de borras.
A belíssima paisagem do espaço.
 
E lá estavam eles
Os aventureiros malucos, em busca de novidades...
(bebendo, dançando e cantando).
No ritmo do show brasileiro que já começava...
 
No cenário: o moço do pandeiro,
Enchia de conselho o moço da viola
Para não brigar...
 
-      Brigar sem texto, que coisa de besta!
Tira-me o prazer até de falar...
- No cenário, meu amigo, só se briga por preparação...
- Deixa de briga, isso dá lucro, não!
- Melhor mesmo é se contiver e preparar o coração.
 
- E você, sua rapazola, vê se vai lá pra dentro.
Porque o pandeiro e a viola sabem se entender.
-      Brigar sem texto é coisa de besta!
Vá se embora! (e ele se foi...).
 
Agora, afina bem a viola, que a coisa é pra valê!
- Já que está bem afinada (vamos cantar)...
- Desenxabido, o rapazola correu lá pro fundo...
Para apanhar o seu bumbo e começou a batucar...
Com o pandeiro e a viola (e todos começaram a cantar...).
 
Durante a introdução musical
Entraram as suas mulatas...
 
CHÁ... CHAMEGUINHO
(S A M B A)
 
Mande me buscar...  Pra lhe dar chamego...
Pode me enrolar nesse teu enredo...
Mulher pequena, teus chamegos têm.
O gosto de veneno pra saborear
(Sem sentir a morte para lhe amar)
 
Morrer nos teus desejos é nascer de novo
Deixando a falácia da boca do povo
Estar com você é estar bem!
Porque a solidão pra ninguém convém.
 
Deixa me enrolar nesse teu enredo...
As tuas loucuras não me causam medo.
Esse teu chá... Chameguinho tem
Um gostinho de veneno que me faz bem!
 
Vai, morena, rola... E rola... Rebola e requebra...
O    teu jeitinho tem gosto de genebra.
Pra lhe dar chamego pode me buscar...
Em qualquer hora posso lhe amar!
 
Por você eu faço tudo, e tudo...
Amo-te falando, te amo mudo.
Mulher pequena teu chamego tem
Um gostinho de veneno que me faz bem!
 
Deixa me enrolar nesse teu enredo...
As tuas loucuras não me causam medo!
Vai, morena, rola... E rola... Rebola e requebra...
O teu jeitinho tem gosto de genebra.
 
Eu gosto e gosto do jeitinho da morena...
Como é gostoso e doce
O    sabor do seu veneno!
- Este teu chá... Chameguinho tem
Um gostinho de veneno que faz bem!
-      Como é gostoso e doce
O    sabor do seu veneno...
  
E assim todos se divertem pra valer...
Era gostoso estar naquele navio cheio de turistas
Cantando, bebendo e dançando...
Pelas extensas águas do mar.
 
Mas, infelizmente, numa altura do mar,
Quase a chegar à famosa Ilha de Thurui
O espaço já os esperava com os horrores da borrasca...
(e era a última noite no mar. Pela manhã chegariam...)
Mesmo assim, com o temporal...
Continuavam cantando...
 

Mulata safada
Meu corpo se arrepia...
Você tem mão de cigana e olhos de vampiro...
Esse teu traquejo cativa à burguesia
Cada homem que olha...
Aumenta a freguesia...
 
Mulata safada, mulata atrevida...
Deixou-me alucinado, me deixou perdido...
Mulata safada, meu corpo se arrepia...
Esse teu traquejo me enche de alegria!
 
Ela é bela, é bela! Isabela, Isabela!
O que ela faz comigo...
Eu faço com ela... Só com ela.
- Ó, Isabela, vamos pegar uma tela?
(Há tantos cinemas na cidade)
 
Todos os dias eu e ela...
A gente ia pegar uma tela, um filminho,
Um programa com cenas apaixonadas...
Mas não passei de um filminho,
No lazer do seu coração.

      Cinema, filme e tela: eu, carinho e paixão.
A minha alegria explodia no coração
Alucinado eu fazia declaração:
- Não, me mude de cinema, oh, Isabela...
 
Eu renovo as nossas cenas...
Farei ainda melhor que as de novela
Faço cenas pornôs, quando menos se espera...
Não leve de mim... Oh, Isabela,
Esse teu amor! (me considere!)
 
Mas infelizmente o temporal não se aquietava de forma alguma; antes, se enfurecia mais e mais...
E foram assim as cenas naquele gigantesco navio branco e belo, cheio de turistas e de bandeiras coloridas.
Uma viagem inesquecível... Cheia de alegrias e de ais!
E o navio ia mais e mais... Bem mais...
 
  
Eram Borras e nada mais!....
 
 
Lá longe... Pelos caminhos longínquos, navegava...
Entre águas e trevas, aquele navio criança,
Ainda as primeiras viagens.
E levava, em pândegas, aqueles turistas
Com bebidas, músicas e danças
(em que os três crioulos, batucando, cantavam)...
 
Lá longe... Ainda mais longe...
Sob o bulcão já se desenrolava,
Com a sua negra expectação, a tempestade!
E no gigantesco embolo daquele bulhão...
Desciam raios, chuva e ventos bravos!
 
E com seu aspecto infeliz,
Borravam os caris do tempo e urravam os trovões!
Ali tudo se corrompia numa mesma devassidão...
Até mesmo a bordo a gostosa introversão...
(As lufadas lambiam o mar e chão)
 
Era uma turba... E trôpegos indefesos,
Presos pelas águas das marítimas, às mãos da sorte...
Sem trilhos de fuga... Já remontavam as rugas
(ao pânico da morte)
 
Eram gente e amores, borrasca e horrores!
E     um navio menino, quase a naufragar...
Pelas extensas águas ao mar
Horrenda era... Aquela grotesca procela
E queria executá-los, quais réus,
Amarrados ao seu pelourinho: o mar.
 
Morreriam todos, pasmados entre dois bulhões
Uma turba a bordo e um temporal sórdida,
Dilacerando-lhes... Sem carapetões!
(Sob cruéis aplausos... De caturros trovões).
 
Mas ainda bem que, por piedade,
A tempestade se foi pelo espaço,
Com suas asas de aço - e sumiu...
Tirando-os de todos os receios de morte!
E de vidas todo o lote...
Para o término daquela viagem.
 
 
Trecho da história que entra no circuito do Poema.
 
 
Agora já viajavam felizes!
Tinham então navegado alguns quilômetros tranquilos, e até mesmo passado pela Ilha dos Arabins... Quando viram então o desespero do Negro Velho, com mais três tripulantes: Stevan, Ruthi e Rhoy (o jamaçu), pois o motor do barco estava fundido em alto-mar.
Foram socorridos pelo grande navio: eles e o barco. (foram arrastados por correntões, rumo à Ilha de Thurui)
Mas ninguém viu... Que a tribo dos índios de Bidd-Arabin vinha alguns quilômetros atrás, com inúmeras canoas e com muita fúria.
 
Alcançar a terra e tocar a relva
Ser-lhes-ia sacudir toda a sorte!
E dissolver as trevas do caminho da morte
E     dizer: Navio nunca mais... Adoramos viver!
 
Já com os pés no chão, distantes das horas afãs
Brotavam-lhes outra vez os sonhos d' ervas...
Sem as trevas (e numa linda manhã)!
Havia ainda relâmpagos e chuviscos,
Mas sem os riscos da borrasca e do mar.
 
Era uma turba... Mas agora um liame feliz!!!
Aos caris do tempo, alçando pelos ares,
Novos cantares...
(ao portento de estarem salvos!)
Navio, mar e cais... Turistas viagem e ais...
Que susto!... Eram borras e nada mais...
 
Agora todos caminhavam contentes...
Com suas mochilas e até mesmo barracas
Para curtirem a Ilha de Thurui (num ritmo de festa!)
 

CAPÍTULO III
 
 
Lá, vinham eles...
Com enfeites, penachos e borrões de tintas coloridos pelo corpo...
Ferindo as águas com violência e com ansiedade, para capturar os três que fugiram da ilha.
Cacique Bidd-Arabin vinha à frente com uma bandeira branca na mão, dando sinal de paz.
Ele encostou-se ao cais da Ilha de Thurui.
Os outros se enfileiraram alguns metros atrás, fechando quase toda à frente da ilha, com flechas nas mãos e clamando:
- Morungu, Morungu... Saboriá...
Subiu então o cacique ao cais, alçando a bandeira pelos ares em sinal de paz...
(mas, quando viu, irou-se)
Ali estavam os três em derredor do barco de Negro Velho, e os quatro falavam e riam de contentamento.
Irando-se ainda mais, o cacique abaixou a bandeira...
- Riá, riá...
E vieram todos com as flechas nas mãos, erguendo-as, e clamando em alta voz:
- Morungu, morungu, saboriá, riá, riá...
E fechando um círculo, amarraram os quatro e levaram o Negro Velho pescador (conhecido por Moorkim), Stevan, Ruthi e Rhoy Jamaçu.
Ninguém fez nada, pelo despreparo de armas; certamente morreriam todos.... Mas a notícia, de que haviam levado o quatro, chegou imediatamente ao senhor Boorg Sá, presidente da Ilha de Thurui.
Espantou-se, então, dizendo:
- Levaram Moorkim? (o pobre velho)
- Stevan, Ruthi e Rhoy (o meu adorado sobrinho)?
- Ah! Meu senhor! (disse-lhe o mensageiro) Sinto muito...
Boorg Sá imediatamente tomou todos as previdências necessárias... Convocando todos os policiais da ilha, mas eles não eram suficientes, ainda que estivessem todos armados.
Enquanto se preparava para o devido resgate... Aumentava o fuzuê das pessoas amotinadas (e ainda chegavam mais navios de todos os lados).
 
RETRATANDO: A Ilha de Thurui era conhecida por Ilha dos Prazeres, porque ali tinha de tudo.
Era praticamente uma cidade composta de campos de lazer: praia, pescaria, hotéis, lanchonetes, motos e passeios ciclísticos.
Havia também ali frotas de carros para ser alugado para turistas darem seus giros pela ilha e barcos para fazerem passeios pelo mar. Tudo era maravilhoso! Havia também o For Ever, cinema, teatro e motel.
 
Boorg Sá convocou então, além dos policiais, homens que tivessem coragem para a guerra contra os índios, em resgate aos seus três parentes: Ruthi (sua irmã), Stevan (cunhado) e Rhoy, seu sobrinho adorado, e o velho, agora considerado (porque tentou salvar a vida dos três).
E foi assim o início da guerra: dois aviões sobrevoavam a ilha dos arabins e jogavam bombas para intimidá-los... Os outros, com barcos e com armas, atacavam por terra.
Porém as coisas se dificultaram ainda mais. Amarrados no tronco duma árvore muito grande começaram a encher de lenhos e de mais lenhos, botando fogo. (quando viram que já tinham matado seus índios nos ataques e que só dois soldados tinham morrido)
Mas ainda bem que lá de cima os pilotos viram que na praça das aldeias estava acontecendo o pior. Então avisaram imediatamente para cessar fogo...
Sendo assim, o cacique mandou-os cessar flechas... E soltou Negro Velho para comunicar-se com eles.
Cacique alegrou-se grandemente quando viu que Negro Velho entendia a sua linguagem. Então explicou Negro Velho:
- Os meus pais foram dessa tribo (são arabins também) e eles me ensinaram a falar... Mas, olha aqui, chefe Arabin, pare já com essa guerra para não perder os seus arabins! Não vale a pena! Meus pais choravam muito quando se lembravam dessas guerras...
- Quem eram seus pais?
- Meus pais eram Ijaraque e Ijara.
Então chorou amargamente...
- São eles meus tios! Ijara é irmão de meu pai! (você é meu primo)
E choraram...
Negro Velho foi caminhando... E caminhando, chegou a eles e disse-lhes:
- A guerra acabou... Cacique nos deixará sairmos com vida.
Voltando, foram soltos os demais, que saíram em um barco (mas Negro Velho quis ficar). Marcaram um encontro para dois dias depois.
Mas houve uma grande falsidade da parte do presidente Moorg Sá que, depois disso, autorizou que atirassem nos índios (uma bala ficou cravada nas costas de Negro Velho, além dois demais, que ficaram caídos).
Vendo o que havia acontecido, indignaram-se Rhoy e Stevan, porém, Ruthi calada ficou (porque sabia que as ordens vinham do seu irmão).
Sem saber o que fazer para defender os índios, Rhoy lembrou-se do conselho do Mestre Mágico e clamou em alta voz:
- Boorgom do jamaçu!
Disse isso por três vezes e ele apareceu em cima do barco em alto-mar e disse-lhe:
- Qual é o aperto?
Explicou-lhe o menino:
- Houve guerras... Uma entre as ilhas, por minha causa, e outra no meu coração... Senti grande medo de te chamar (e até acabei esquecendo o seu enigma) e só agora então que me lembrei... Você me perdoa Boorgom?
- Sim, é claro, menino, está perdoado! Mas qual é o aperto?
Ruthi, interrompendo, disse-lhe:
- Está maluco agora, menino?
- Veja se para de falar sozinho!
Ruy: Mas eu não estou falando sozinho; minha mãe! Agora eu sou o Jamaçu e estou falando com Boorgom (o mestre dos encantadores).
Ela se calou e ele começou a explicar:
- Muitos índios morreram e eu estou triste... Negro Velho está ferido...
E chorou...
- Não chore... Você precisa voltar imediatamente para a Ilha dos Arabins e devolvê-los à vida!
- Devolvê-los à vida... Como assim?...
-      Eu te explico tudo bem direitinho. Primeiro você ter que se transformar em Wél-Hurts (duas vidas) ou em Wél-Horts (dois corpos).
- Sim, Boorgom! Que legal! Dois de mim? Eu quero!
Ruthi: De que está falando, menino pode saber?...
Rhoy: Não, por enquanto... (eu vou com você, Boorgom).
Ruthi, preocupadíssima com aquilo, reclamava a Stevan:
- Pelo jeito, amor... Vamos ficar com um menino problemático, devido ao que nos aconteceu lá na Ilha dos Arabins... Está escutando, amor?
- Sim, mulher, é claro que estou... Ele quer sair pra algum lugar com alguém que não existe! (esse tal de Boorgom, que ninguém sabe quem é) É bem capaz; que vamos deixar um menino de 12 anos sair sozinho com um ser invisível...
Boorgom, ouvindo isso, disse-lhe:
- Se me autoriza, aparecerei para eles.
- Sim, é claro! - Respondeu contente.
- Então estenda a sua mão e eu a tocarei. Diga-me o nome completo deles e depois outro enigma -
Bray-Zallin (vai visão...) - e eu lhes aparecerei.
E assim fez o menino, acrescentando ainda um nome a mais, que era o nome do Negro Velho, ainda que não o soubesse por completo.
 
Ficou assim o enigma:
 
- Stevan Sabá, Ruth Heleza e Moorkim (o Negro Velho): Bray-sallin...
- E logo lhes apareceu...
Na direção do barco estava John, mas ele caiu pelas águas, atemorizado pelo forte clarão... E socorreram-no (mas não pôde ver Boorgom como ele era). Os outros então o viram assustados...
- Aparecerei ao Negro Velho, Moorkim, e pedir-lhe-ei que venha urgente para a Ilha de Thurui para nos encontre aqui. Ele trará o pequeno pé de jamaçu, que deverá ser ingerido por Rhoy para o total poder... E com isso se dividirá em dois corpos, um mortal e outro imortal (o imortal sempre socorrerá o outro nas horas do perigo).
- Nas horas dos grandes perigos deverá ir somente o corpo imortal (Explicava-lhe Boorgom – mestre dos mágicos). Para isso, deveria dizer (Boorgom + o enigma) que se manifestasse por três vezes... E ficaria assim: Boorgom Zoor-Ballin lae Jamaçu, por três vezes.
E assim voltou Rhoy a pedido de Boorgom: do barco para a Ilha dos Arabins para dar o devido recado para Moorkim (o Negro Velho)... E o barco continuou o seu destino para a Ilha de Thuru...
Lá na ilha estavam os turistas se divertindo pra valer, mas havia outros preocupados com toda aquela situação, temendo ainda um repentino ataque por parte dos índios.
Mas felizmente chegaram ao porto da ilha e desceram contentes, embora receosos.
E     o povo exclamava, em altas vozes:
- Viva o Rhoy! (Viva!!!)
E erguendo ele ao alto com o toque de diversas mãos, ainda exclamavam:
- Viva o Rhoy (Viva!!!)
Cercado de gente de todos os lados, o menino, feliz, sorria.
Eram policiais e amigos da ilha (e tripulantes daquele navio que antes o salvara).
E passando pela praia o sol já recolhia os seus últimos raios ao crepúsculo tardio, enquanto muita gente se divertia...
 
As gatas caminhavam pela areia...
E traziam nos passos a delicadeza
Das mulheres mais manhosas... Com certeza.
As gatas eram formosas, oscilantes e dengosas.
E com os pés na areia...
E olhos nas ondas cheias
Elas se revelavam as mais perfeitas sereias.
 
As gatas caminhavam pela areia...
Em ondas de desejos e em marés cheias.
E na doçura daquele ensejo
As veias vibravam-lhes com loucos desejos
Para nunca mais esquecê-las...
Como será que alguém se esqueceria daqueles momentos?
Momentos lindos! Marcados pela presença
De inúmeros turistas de diversas nações.
 

CAPÍTULO IV
O jamaçu (de Bidd-Arabin)
 
 
Maira Sadi e Jaime Quilis estavam ali em lua-de-mel, quais outros tantos casais, e navegavam com um barquinho a pedal, quase à boca da noite, saboreando os mais lindos momentos de suas vidas no Lago Hek-Dállie. (doce-prazer)
 
Vai canoa molhada, das águas escuras.
Flutua, flutua... Ao doce luar
Teus remos são mãos cheias de canduras...
Pelas águas escuras acariciar...
Aqui tem dois amantes e um verso
Duas almas e uma paixão
Divididas em dois olhares...
Flutua... E flutua canoa molhada.
Os meus beijos são remos
A ferir os desejos para navegar
Canoa pequena em águas serenas...
O nosso amor é enorme...
Em lagos de desejos e venenos
Se, achando e se perdendo de tanto amar...
Oh! Véu estendido de águas escuras
Em teu seio, os raios... São dos amantes
Que nesse instante esconjuram...
Os rumores de sapos e de grilos a cantar Entremeio às moitas e o mato (a balançar)...
Oh, Lua!... Estrelas, águas e céu!
Como é gostoso o receio dessa lua-de-mel...
Cana molhada das águas escuras
Os nossos corações estão cheios de juras...
De amor.
 
Jaime Quilis e Maira Sadi estavam felicíssimos com o passeio... Mas infelizmente algo estava errado... D’outro lado era felizmente para eles.
Entrando em uma boate, assistiam ao espetáculo feito especialmente para encantar turistas de diversas nacionalidades e viram...
Lá estava Susi Dumont (a mineirinha brasileira) cheia do fascínio que tanto trazia admiração para a família e para os amigos brasileiros.
Maira olhou para Jaime e falou baixinho, ao ouvido dele:
- Não podemos dar alarme, amor! Disfarça... Mas tem coisa errada aí! Aquela morena, a mais linda, que está ali é a minha prima que sumiu do Brasil! (e foi dada como morta: dois anos atrás)
 
E ainda continuavam se divertindo no show, como se nada tivesse acontecido, aguardando uma prévia manifestação...
Não demorou muito para que Susi Dumont saísse da cena em que cantava e dançava, tirando a roupa...
Mas antes disso: inventou ela novos gestos no meio de uma dança, levando o dedo indicador aos lábios em sinal de psiu...
Jaime e Maira logo entenderam que não deveriam se manifestar de forma alguma.
 
Vinte minutos depois...
Comendo e bebendo sentados à mesa, veio o garçom perguntar se queriam mais alguma coisa e deixou cair um bilhete (para Maira), que dizia:
 
Querida prima! Por favor, não se manifeste de forma alguma, para não complicar as coisas ainda mais... Esteja amanhã, se possível, às 9 horas da manhã, lá no lago Hek-Dállie, tá?
 
E assim logo se retiraram dali preocupadíssimos, porém, aliviados numa parte: ela estava nos pedindo socorro! (vamos ajudá-la!)
No outro dia, na hora tratada, lá estavam eles felicíssimos:
- Que bom poder lhe ver, minha prima!
(e chorou...)
Susi: Tenho levado uma vida de cão nesse lugar para não morrer, ó, prima! Olha o meu corpo como está todo marcado... Tentei fugir desse lugar duas vezes e levei um castigo terrível! (me ajude a ir embora, por favor...) Lá vêm os seguranças! Somos vigiadas todos os dias... Por favor, não se esqueçam de mim...
- Nós não vamos esquecê-la, te juro... Fica em paz!
Ao andar alguns metros, os vigiadores, aproximando-se, interrogaram:
- Quem era o casal?
- Um casal que assistiu ao show ontem e adorou-me ver dançando e cantando... Eu fiquei muito feliz! (porque isso me é muito gratificante)
- Ah, sim! Você canta muito bem mesmo, Susi! Você é uma estrela perfeita...
- Vocês também acham?
- Sim, Susi, nós achamos! Mas você deveria fugir desta ilha maldita enquanto há tempo.
- Deus que me livre... Já tentei por duas vezes, e quase me mataram! Já pensei seriamente em suicídio, mas não tive coragem. (eu queria ser tratada como gente... Ser livre, pelo menos...)
- Se o problema é permanecer aqui, eu assinaria um contrato e o honraria, oras, ainda que não ganhasse muito.
- Sem chances, senhorita, pelo menos com esse patrão... Se você quiser ir embora daqui conte conosco! Nós vamos pedir demissão e dentro de dez dias estaremos no Brasil. Você vai com a gente...
Susi alegrou-se muitíssimo no momento, mas refletindo melhor, achou que não deveria confiar de forma alguma... Ainda haviam feito uma proposta assim:
- Olha Susi, para que você acredite em nós, gostaríamos de fazer uma coisa: nós vamos pedir demissão e te explicar como será o esquema que vamos usar... Para que creia em nós.
- Se for assim eu aceitarei a tal proposta...
E foram então os dois à presença do patrão, dizendo:
- Ela caiu direitinho, patrão... Ah, ah, ah!...
- Então vocês pedem demissão e explicam o plano pra ela... Não falei pra vocês que Susi Dumont é uma grande atriz?... Porém ingênua demais... Ah, ah, ah...
Susi estava radiante de felicidade e comentou com os primos.
- Prima, de jeito nenhum acredite nesses homens! São bandidos iguaizinhos a ele! Estão fazendo jogo sujo... Querem te pegar novamente, porque sentem prazer em torturar as pessoas...
Nós vamos te tirar daqui a dois dias no nosso esquema... Pelo navio em que vamos voltar.
E assim falou com eles (com um mareante do navio, que achou muito arriscado)...
Porém, disse aquele mareante:
- Há um capitão do Exército que também estava em férias naquele dias... E ele lhes disse:
- É arriscado, mas nós vamos estudar o esquema exato que jamais falhará.
E assim ficaram satisfeitos o mareante, Maira e Jaime.

CAPÍTULO V 
O jamaçu (de Bidd-Arabin)
 
 
E assim voltaremos para a Ilha dos Arabins, onde Negro Velho estava passeando com seu primo, cacique Bidd-Arabin, pelas matas...
Cacique explicava, naquela sua linguagem complicada, o segredo que seus pais guardaram durante muitos anos, e agora um branco estranho vem e cai sobre ele a sorte de ser o Jamaçu.
Decepcionado, ele chorava... E ia caminhando entremeio a mata.
Sem quase perceber se deram bem em cima do pobre riozinho...
 
Então dizia ele:
 
Aí vem... O pobre riozinho
Que mal consegue rolar as pedrinhas...
Mas conserva as pequenas almas verdes
Desde onde desemboca...
E vai se espichando pela mata afora...
Depois cai lá no mar, virando pororoca...
 
Esse rio é lerdo, frouxo e franzino...
Mas conhece bem o trajeto do seu destino...
Foi ele que sustentou a pequena alma verde de Jamaçu
Que tanto esperei durante anos e anos!
E agora deu no que deu (vindo outro, me enganou).
 
Negro Velho: Sinto muito, primo cacique... Não consigo acreditar nessa história absurda.... Isso é apenas lenda dos nossos pais...
Mas de repente caiu neles um pingo dourado, resplandecente... E aquele pingo era gigantesco...
Descendo sobre as águas, tornou-se então uma grande coluna de fogo... Subindo entremeio as árvores.
Porém, o cacique só pôde vê-la até aí... Mas o Negro Velho olhando... Viu-o entremeio o galho.
Ali estava o moço de branco, com seu boné azul em que na frente escrito: Boorgom do Jamaçu e, sob o boné, se pendurava o rabicho dos seus cabelos lisos, preso por uma fita vermelha.
- Ah!... Meu Deus! Então é verdade esse absurdo? - Coma assim, primo Moorkim? Não estou entendendo...
- Nada, não... - Respondeu-lhe. (depois te falo) Agora me convém prestar bem atenção...
- Negro Velho, o Senhor Moorkim tem algo para dizer... Vá urgente até a Ilha de Thurui, porque o menino Rhoy te espera... Precisa achar a beira do riozinho e o pequeno pé de jamaçu arrancado pelo menino. Ele precisa dele para completar         enigma do poder.
- Como eu o encontrarei?
- Vem que eu te mostro... Mas não o pegue! (porque vou distraí-lo, primeiro)
E assim o fez.
O clarão de luz brincava nos galhos das árvores, distraindo o cacique lá para cima do pequeno riozinho... E dizia ele:
- Vem cá, primo! Estou vendo... Que clarão bonito! Que clarão bonito!
- São dois clarões, primo! (Não sai daí pra gente saber o que venham a ser os dois)
Moorkim encontrou o pezinho do jamaçu, escondeu-o no bolso e subiu ao cacique, dizendo-lhe:
- O meu clarão se apagou...
- E o meu também, primo... Que pena! (tanto que eu queria conhecer o jamaçu como ele é!)
- Você vai conhecê-lo, te prometo... Vou à Ilha do Thurui para pôr em ordem um negócio de que havia me esquecido, mas voltarei em breve! Vou tentar desvendar esse segredo com aquele menino, porque ele de mim gostou... Sabe primo, estou sem navegação...
E o cacique arrumou-lhe uma canoa... E Negro Velho partiu, cantando na linguagem indígena:
 
Boorgon dáy... Lik, graan day poor lay Jamaçu...
(Mestre é luz... Clarão e poder de Jamaçu...)
Shat herem fork naak iegem - garú kotá is saird lae Jamaçu. (Sem crer forte nessa bobagem, levo agora a planta de jamaçu).
-      Brii leszi rhá denego... Rhá dhingo lhou...
(Me espere, já estou indo... Já estou indo...)
- labroá, labroá - Ia sarú dhin irrí!T(shat cherim naak iegem...) (Menino, menino! A planta está aqui! Sem acreditar nessa bobagem)
Zoor sallem... Sallem!... Ilhou saluh!...
(Sou mensageiro... Mensageiro!... Estou maluco!...)
 
E chegando Negro Velho à Ilha de Thurui, amarrou a sua canoa próxima ao cais... E subiu todo contente pela praia, assoviando e cantando.
Porém, ali ele perdeu alguns minutos (e já era parte da tarde).
Ali estavam os três crioulos sambistas brasileiros com as suas mulatas cantando em despedida da ilha, porque partiriam no outro dia pela manhã... Era o conjunto Manobras.
 
Esse sol está feito de magia em beira-mar...
É só alegria!
Que sol bonito... É raio de ouro fino
Pendurado lá longe no além...
E perto da minha sina...
Não deixo o sol, nem a areia e nem o sal.
Essa onda me tempera... Sara-me o mal
Ah, esse sol bonito derrete a fadiga.
Dessas loucuras... Corre-corre da vida.
Na beira do mar e sob o sol
Mulher e samba, que doce rol!
Batucadas, bebidas e areia;
Com remelexos na ginga das mulatas sereias...
Vamos nessa, moçada...
Será que ela roda seu corpo nas pontas dos pés? (rodam...)
É nas pontas dos pés que ela giram? (giram...)
É... Ela roda e gira... Gira e roda...
Com essa mulata ninguém pode!
 
O seu corpo gira roda e balança...
É nas pontas dos pés que ela dança...
Dança no som da viola, do bumbo e do pandeiro.
Nessa batucada sacode o corpo inteiro.
Roda bumbum, pernas e joelhos;
E todo o resto está na mesma telha...
Até quem não sabe se sacode...
Beleza e tática ela tem de sobra...
 
Roda e gira... Gira e roda...
Com essa mulata ninguém pode (ninguém pode...)
 
E assim Negro Velho estava felicíssimo, assistindo aos sambistas brasileiros... E sem perceber tirou do bolso uma pequena folha do jamaçu a comeu-a! E um clarão lhe cobriu...
Negro Velho assustou-se muito, naquela hora. Parecia ter esquecido de que era de suma importância a sua obrigação para com o menino.
Todos viram o clarão cair sobre Moorkim... E ele sentiu-se eletrocutado e caiu assustado na areia. E, levantando, disse-lhes:
- Vocês viram?...
- Sim! Nós vimos... O que vem a ser isso?
- Sinto muito, amigos, mas não dá para explicar ao certo... Eu preciso ir!
E saiu caminhando pela praia... E todos interrogavam uns aos outros:
- O que vem a ser isso?
- Não sei... Não sei...
E lá na frente Boorgom apareceu, e foi caminhando ao seu lado e dizendo-lhe:
- Moorkim, Moorkim... Leva-lhe o jamaçu urgente! (quero que se realize ainda hoje o poder de jamaçu) Você deverá permanecer lá até que se realize essa tua boa missão...
- Depois haverá outras missões: uma amanhã, pela manhã, no navio, para livrar uma moça da morte, e outra dura missão será para livrar os prisioneiros que estão na Ilha dos Arabins.
- Na Ilha dos Arabins, você disse? (que prisioneiros?)
- Você ficará sabendo... Moorkim, o Cacique Bidd-Arabin, não é ingênuo assim como você está pensando... Ele mantém ali alguns prisioneiros vigiados pela sua tribo, para trabalhar numa lavoura de cereais. (há até mesmo um trecho com maconha que alguns brancos vêm de longe para buscar)
- Prefiro não falar sobre isso agora, oh, invisível amigo Boorgon do jamaçu...
Alguém, vendo isso, dava risadas do Negro Velho:             - Ah, ah, ah...  Esse velho está maluco!... Maluquinho... Eu, hein?... Deus que me livre dessas maluquices! (eram umas moças e uns jovens atrás dele, escarnecendo...)
Porém, Boorgom do jamaçu não lhes deixou barato, não...
- Posso saber quem é que está maluco? Oh, meus jovens... Posso?
Então saíram correndo, apavorados, entremeio a multidão que, sossegada, estava nas praias...
Agora eram outros que diziam:
- Vocês estão malucos?...
E assim Negro Velho chegou onde estavam os outros esperando por ele e fizeram o que tinha que ser feito... E houve ali um grande clarão (quando Rhoy começou a comer as folhas do pequeno pé daquele jamaçu).
Porém, de espanto, todos caíram desmaiados por dez minutos... E quando voltaram à realidade, levantaram-se depressa para ver o que tinha acontecido. (e espantaram-se, então...)
Ali estavam dois corpos iguais (Wal-horts), dois Rhoys.
Boorgom, com as mãos para cima, disse-lhes:
- Os meus parabéns a todos vocês pela força que deram a Rhoy. Agora ele tem duas vidas. Wal-horts para pôr em ordem muitas coisas por aqui.
Negro Velho disse-lhes:
- Amanhã pela manhã... Aquele navio que nos socorreu lá em alto mar vai partir bem cedinho... Passando eu pela praia vi o conjunto de sambistas brasileiros cantando... E se despedindo da ilha, pelo que falavam. Eu gostaria de acompanhá-los até certa altura do mar... Isso é claro, se eles aceitarem... Uma parte vai e outra fica. - Disse-lhes Boorgom.
- Como assim? - Interrogou-lhe Ruthi.
- Quero dizer que Rhoy imortal vai e o outro fica, porque haverá um grande perigo nessa viagem... Vão tentar matar uma moça dentro do navio. E eu preciso de você comigo, Wal. (Daqui para frente eu te chamarei assim, ao me referir ao corpo)
- Mas como você sabe hoje o que vai acontecer amanhã?...
- Sabendo, oras! (você também saberá, Wal-Rhoy) Me refiro a vocês dois.
Negro Velho: Sinto muito, amigos, mas também quero ir nesse navio...
Stevan e Ruthi: Se todos vocês voltarão, nós também!
E assim entraram então nesse grande e perigoso acordo e foram falar com o mareante do navio, que só concordou porque não podia comentar nada acerca da fuga da cantora Susi Dumont.
Então voltaram todos felizes para casa naquela noite, porque iam com eles até uma cidade próxima chamada Poorthem Sallve.
Para Susi Dumont aquela noite ainda continuava como as demais: fazendo as coisas forçadamente para não morrer, e ainda tendo que mostrar um sorriso bonito! Mas lá dentro de si somente Deus sabia como estava o seu coração. (para ela aquela não passava de uma ilha maldita...)
E o seu último show era assim:
 
Nas laterais do palco duas grandes pinturas do seu corpo em que estava escrito:
SUSI DUMONT - A ESTRELA DO CRISTAL
(porém o cristal que ela jogava em cada show era simbólico, só para recordação de quem o pegasse por sorte)
 
CAPÍTULO VI - O jamaçu (de Bidd-Arabin)
SHOW: A ESTRELA DO CRISTAL        (COM SUSI DUMONT)
 
Brilhava... Entremeio os seus lábios
Um cristal preso aos seus lindos dentes
Sob um olhar com suspense e imortal...
Que penetrava os corações de muita gente...
 
E     todos adoravam ouvir na preciosa eufonia
O    som das suas palavras macias...
E radiante ela cantava... E cantava...
As mais lindas canções! (E todos se encantavam)
 
E     quando ela deslizava as mãos
No seu lindo corpo modelado
Todos se arrepiavam...
Emocionados, numa mesma emoção.
A estrela suspendia ao ar
Uma pedra de cristal reservada
Para lembrá-los, como dádiva,
De cada boa recepção preparada...
 
A pequena estrela do cristal vibrava a todos
Com o seu corpo pequeno
Distribuindo doçura, magia e veneno...
No palco ela deixava o talco
E nos corações o palco... (feito de eterna magia)
 
Ela espalhava pelos ares o doce encanto...
Feito de amor, de tática e de alegria!
A pequena estrela separava um canto...
Para a vida da música, dança e poesia!
 
Susi Dumont, quando subia ao palco e começava fazer o seu show, parecia esquecer-se de tudo... Porque considerava que o público não tinha culpa da ironia do seu destino...
E assim a manhã do novo dia chegou para compensá-la de tudo o que havia passado naquela ilha maldita, como dizia.
E lá estava o lindo navio com todos os turistas... Aguardando a partida.
Quando chegou o capitão, que estava em férias fazia parte dos turistas do mesmo navio, e estava acompanhado de um amigo bem trajado (terno e gravata), mas que era mudo... E quem lia os gestos que fazia com a mão era o Capitão Rauf.
Entraram ali alguns homens, pedindo licença,
... E deram uma boa olhada no navio e se foram, desejando-lhes boa viagem...
 
Lá dentro estavam Stevan, Ruthi, Wal Rhoy e Moorkim (o Negro Velho) e o invisível Boorgom do jamaçu.
E o navio se foi pelas águas longínquas do mar.
(levando o mudinho...)
 
E     lá longe... O vulto navegava
Sobre as águas azuis e quentes
Onde as ondas cansadas
E buídas pelo vento espumavam...
Sem as bulhas sedentas.
 
Lá longe... O mar estava tranquilo...
E     os turistas seguiam o mesmo trilho...
Comendo, bebendo em ritmo de festa!
Música e vozes saíam pelas frestas...
 
 
Sambinha da Loira
 
 
Loirinha dos olhos verdes
Que sede, que sede me dá...
Se os teus olhos me olham, me olhas...
Por que não pedes pra eu ficar...
 
Loirinha dos olhos verdes
Que sede, que sede... Eu quero é lhe amar!
Quero o toque dos teus perfumes,
E o brilho dos teus olhos por mim.
 
Loirinha dos olhos verdes
Que sede, que sede me dá...
Aceita os meus gracejos, ciúmes e beijos...
Eu quero lhe deixar louca de amor por mim.
 
Ah!... Que gostoso lhe ver e saber
Que você poderá ser minha loirinha rainha...
Quero estar nas cores dos teus desejos...
E na saliva dos teus beijos e aprender
Nas loucuras da sua boca
Que sedenta a louca... Irá me morder.
 
Loirinha dos olhos verdes
Que sede, que sede me dá...
Se os teus olhos me olham, me olham...
Por que é que não me namora
Os mares... No fundo do meu olhar...
 
E assim todos se divertiam naquele belo navio enquanto navegava pelo mar...
Os seguranças da boate, em busca de Susi Dumont, vieram atrás, com homens fortemente armados...
 
E     assim se aproximaram do navio com suas armas em punho, dando ordens para que ninguém reagisse, porque queriam apenas fazer uma vistoria no navio para buscar Susi Dumont, que havia fugido da Ilha de Thurui... Estavam fazendo o mesmo em todos os navios que haviam partido naquela manhã...
Capitaã Rhauf, tomando a frente, disse aos tripulantes:
- Ninguém reaja, por favor! Deixem-nos entrar! (assim terão certeza de que ela não está aqui)
E     quando entraram... Começaram então a grande busca... E iam chutando tudo pela frente, como se fossem os maiorais.
Depois de alguns minutos... Um ruivo baixinho bem atrevido parou defronte o mudinho, com uma expressão bem arrogante, e disse:
- Pelo jeito a mocinha se esconde aqui, chefe... Ah, ah, ah...
- Sabia que você não fica nada bem, com essas roupas de homem? Você está ridícula... Ah, ah, ah...
E o chefe também deu risada:
- Ah, ah, ah...
- Vou logo dando as ordens aos outros. (cheguem todos aqui!...)
E chegando todos, disse-lhes:
- Quero que todos assistam à boa descoberta do nosso amigo ruivo, que agora vai começar a tirar as roupas da grande Estrela do Cristal... Ah, ah, ah...
(e todos riram, escarnecendo dela)
Porém, estavam ali naquele momento o irritante e glorioso Boorgom do jamaçu e Wal Rhoy, os invisíveis, que disseram:
- Queremos ser vistos por todos! Queremos ser vistas por todos! Queremos ser vistos por todos!
- Zoor-zallin lae Jamaçu!
(e apareceram...)
Boorgom disse-lhes:
- Acabou a festa, moçada... Ela tem aqui dois grandes amigos imortais... É isso mesmo... Seus bobocas... - Disse-lhes Wal Rhoy.
Deram então gargalhadas e mais gargalhadas...
O ruivo: Viu só, chefe?... Eles pensam que são: alguma coisa... Nem armas carregam! Ah, ah, ah... (e todos repetiam)
- O que vamos fazer com eles, chefe?...
-      Vocês mesmo decidem. (Ah, ah, ah...)
-      Boa idéia, chefe; deixa comigo! Nós vamos dar-lhes uma boa surra e depois jogá-los para as piranhas... Elas devem estar com muita fome! (Ah, ah, ah...)
Rhoy: Vocês estão muitos convencidos, amigos! Tente primeiro dar então o primeiro soco...
E tentando viram que suas mãos passaram direto. (e se assustaram)
Boorgom e Wal-Rhoy ergueram então suas mãos e resplandeceram... E num repente, quase sem ninguém perceber, tomaram-lhes todas as armas e amontoaram-nas ao chão, junto dos pés do Mudinho, dizendo a Susi Dumont:
- Essas armas são todas suas, irmã?
Indagaram: Irmã?!
Wal-Rhoy, tomando a frente, todo empolgado pela força do seu poder, disse-lhes:
- Sim, amigos... A partir de agora, Susi Dumont será a minha irmã! (já que sempre tive essa vontade...)
E assim amarraram-nos com fortes cordas, levando-os até a cidade de Poorthem Sallve, para onde iam... E lá tomaram então todas as providências necessárias.
 
(ENQUANTO ISSO...)     Capítulo VII - O jamaçu (de Bidd-Arabin)
 
Senhorita Hellem de Sá, uma jovem bela e atraente, recentemente formada em Direito, estava sentada a uma escrivaninha, na sua deliciosa cadeira giratória, movendo-se lentamente... Com um livro branco semiaberto... Que tinha na capa o rosto de índios e o título Moinhos de Vento, de Cao-Hellem.
Ela lia-o, apoiando sobre a gaveta semiaberta. (com lágrimas nos olhos...)
De repente entrou na sala o Senhor Meskih (capanga de sua mãe). Barbas crescidas, cabelos rentes à cabeça e uma voz mui arrogante:
- Bom dia, senhorita Cao-Hellem.
Cao-Hellem, mal se virou e foi logo dizendo (sem responder-lhe o bom-dia):
- O que faz aqui, senhor Meskih?
- Ah, senhorita... Estou preocupadíssimo com a sua tristeza... A doutora Ideko de Sá, sua mãe, esteve me falando de você!
- Engraçado... Vocês fazem o que fazem... Prejudicam as pessoas... Prendem uns na ilha e outros até mandam matar... Depois vem o senhor me dizer que está preocupadíssimo comigo! Ora, ora! Tenha santa paciência! Mamãe me obriga a muitas coisas... Não se faça de ingênuo!
- Não sou nenhum grande matador, como pensa...
- Ah, ah, ah... Você está querendo que eu acredite nisso?
- Sim, senhorita, acredite, por favor! Eu nunca concordei com as decisões de sua mãe!
- E por que então trabalha para ela, pode me dizer?
- Trabalho por necessidade, mas estou arriscando minha vida, porque não estou sendo fiel às ordens que recebi... Se quiser fazer alguma coisa pelas vítimas que tocam na boate lá da Ilha de Thurui, estarei ao seu lado, senhorita.
- Fazer o quê, por exemplo?
- O que achar melhor, oras!
- Mas por que me disse que não é nenhum matador como penso?
- Porque poupei a vida de muitos que sua mãe pensa que estão mortos. Então agora corro perigo de morte.
- E onde estão escondidas essas pessoas? Se me levar a algum desses lugares estarei do seu lado.
- Sim, senhorita. Amanhã pela manhã seus olhos verão alguns deles, que estão numa ilha distante daqui, aguardando nossas providências. (porque também não pretendem tirar a vida de sua mãe de forma alguma). São homens de bem que tomaram algum dinheiro de sua mãe emprestado, mas que depois se atrapalharam na hora do pagamento. Então sua mãe mandava que simplesmente eles fossem exterminados.
- Senhor Meskih, se isso realmente é verdade, precisamos tomar providências.
- Então amanhã iremos, certamente.
E     assim se despediram e ele se foi.
Porém Cao-Hellem ficou no seu escritório remoendo os seus pensamentos, que não eram nada recentes. (há muito tempo ela meditava o que fazer para proteger essas pessoas que eram vítimas de Ideko de Sá, sua mãe)
Naquela Cao-Hellem não conseguiu dormir. Remoía seus pensamentos e dizia consigo:
- Pensei que os meus pensamentos não passassem de palhas feitas de vento, trituradas por um cérebro malacafento... Que dentro de mim não passam de moinhos de vento, julgando os atos de minha mãe, mas, pelo visto, mamãe estava realmente envolvida em sujeiras das grossas... E os moinhos de vento não são moinhos de vento, mas sim uma catástrofe que brota no silêncio da estrada para amargurar a pobre alma da gente...
Na manhã do dia seguinte o Senhor Meskih, ao se encontrar com a senhorita Cao-Hellem, disse-lhe:
- Tenho que passar primeiramente pela clínica de sua mãe. Acompanhe-me, por favor, e procure ouvir a nossa conversa...
E assim foram.
Passaram eles pela portaria da clínica e por outras salas de médicos.
Ele entrou na sala e ela ficou à porta, para escutar.
- E daí, senhor Rasther Meskih, já executou Beerg-Zul?
- Calma Senhora Ideko de Sá! Vamos dar um tempo, pra ver se ele consegue arrumar o dinheiro combinado...
- Você ultimamente está afrouxando demais! Estou cada dia mais decepcionada com o senhor. (já estou perdendo a confiança...)
- Por favor, doutora, vai com calma... Eu sempre fui homem de confiança... Ou não?
- Sim, eu sempre confiei no senhor, mas agora estou chateada.
- Vamos pensar um pouco mais, doutora, que é melhor pra gente...
- Pra que tirar a vida de um pai de família? Isso não adiantaria nada!
- Sim, Senhor Meskih! Vamos encerrar; a nossa conversa por hoje, que é bem melhor pra gente... O senhor tem 30 dias para trazer-me esse dinheiro e nem um dia a mais... Se você afrouxar... Eu tenho outro que já está conversado... Aliás, tudo indica que é bem mais decidido que o senhor. E por hoje é só... Até logo!
E     saiu ele cabisbaixo, caminhando pelo corredor da clínica.
Ao passar por Cao-Hellem, pareceu não conhecê-la.
Doutora Ideko, sua mãe vem ao encontro dela.
- Você por aqui?! ... Que surpresa, filhota!
- É, mamãe... Resolvi dar uma passadinha de minutos, porque tenho outros compromissos daqui a pouco com clientes meus...
- Vamos entrar um pouco...
- Ah, sim, mamãe.
(e entra um tanto desenxabido, porque tinha escutado toda a conversa dos dois)
Tentando disfarçar, Ideko dizia assim:
- Sabe, minha filhota, mamãe está chateadíssima com esse nosso motorista, porque ultimamente ele não está fazendo nada certo... Só sabe dirigir esse carro! Pago por outros favores, mas ele não quer fazer do jeito correto...
- Mas não é essa a função dele, mamãe, a de dirigir o carro? Ele é apenas o nosso motorista particular... Ou tem outras atividades misteriosas?
- Sim, filhota, mas quando pago por alguns favorezinhos deveria fazer-me sem problema algum! (afinal não lhe custa nada... E além do mais precisa garantir o seu emprego...).
Cao-Hellem conversando, disfarçou, mas depois se foi horrorizada com a falsidade de sua mãe.
Lá na frente, um tanto distante, Cao-Hellem e Meskih se encontraram:
- Concorda comigo, Cao-Hellem?
- Sim, é claro, Meskih! Vamos à frente ao que estava combinado. (e foram...)
E para que aquela viagem fosse mais rápida, foram de helicóptero, como já era costume do Senhor Meskih e como também já estava combinado com a patroa.
Mas o que ela nunca esperava... É que dessa vez a sua filhota estava indo também com o seu capanga.
Pousaram então na Ilha de Thurui e, radiantes de felicidade, foram direto para a boate em que Cao-Hellem conheceu todas as meninas e descobriu toda a verdade pela suas próprias bocas. (ainda bem que seu pai, Boorg Sá, presidente da ilha, estava ausente)
O Sr. Frank, gerente da boate, estava todo contente por conhecê-la, achando que fosse mais uma, igualzinha à sua mãe. (contou-lhe; muitos segredos da casa...)
 
- Ah! Que bom Sr. Frank! Realmente o senhor é um homem dedicadíssimo ao que faz! Nesta noite eu ficarei por aqui, para o espetáculo... Posso?
- É claro, minha jovem, a casa é sua! (ficarei feliz)   E os dois saíram andando para conhecer o resto da grande instalação da boate. (porque Cao-Hellem ainda não a conhecia...)
- Sabe, senhorita, a verdadeira Estrela do Cristal não estará aqui nesta noite, porque viajou em férias para o Japão. Mas a senhorita não se arrependerá de ficar conosco! Kelly Strach substituirá Susi Dumont... Ela não é tão perfeita qual Susi Dumont, mas canta muito bem e dança divinamente. A senhorita vai adorar!
- Obrigada, Frank, pelas informações... Realmente o senhor é educadíssimo!... (e ele sai contentíssimo, imaginando mil coisas...)
-      Será, meu Deus, que eu vou ganhar a filha da patroa?... Que gracinha, meu Deus!...  Eu nem acredito no que estou vendo! Hum... Parece-me sentir o gosto dos seus beijos misturados com batom... Ah! Que gostoso cobiçar aquela pela macia, que gostosamente me arrepia... Adoro você, patroinha... (Hum... Hum...)
E caminhava esfregando uma palma n'outra:
- Uma noite com você... Será a noite mais gostosa de todas... Aquilo ali é mais que uma gata (é uma leoa... Hum...).
E assim aquela noite fora divertidíssima, porque o espetáculo era ótimo! (mas o que estava por detrás era chocante)
O Sr. Frank lamentava consigo, inconformado:
- Pensei que ela já tinha entrado na minha... Mas me botou pra escanteio educadamente... Mas eu vou conquistá-la! (não há mulher que um homem não possa conquistar): Ah se vou... Eu garanto Sr. Frank! (você vai vê só...)
No dia seguinte Doutora Ideko estava inquieta por notar a falta de sua filha...
- Será, meu Deus, que a minha filha foi pra ilha com aquele maluco do Meskih? Só essa que me faltava... Preciso dar uma chegadinha urgentemente na Ilha de Thurui...
Chegando lá... Ficou bravíssima com o senhor Meskih e até esbofeteou Cao-Hellem.
Então o Senhor Meskih ficou muito irritado com aquela situação e discutiu com ela:
- A senhora tem coragem de agredir a sua própria filha e achar que está certa?! (ninguém concordará com a senhora!) Me desculpe, essa foi demais...
Nisso entrou o Sr. Frank (o gerente):
- Olha aqui, Senhora Ideko... Se quiser me mandar embora, pode mandar! Mas a senhora está muito enganada! Cao-Hellem não merecia isso, porque ela está do nosso lado em tudo... O que teme?
- Temo eu muitas coisas... - Disse ela. - E pressinto uma grande ruína em nossas vidas... E queria deixá-la fora disso tudo. (e começou a chorar...)
- Calma mamãe! Estou sabendo de tudo, mas não a condeno por nada!
E     assim ela se acalmou... E as duas conversaram à vontade...
Cao-hellem pediu que não fizesse nada de mal ao Senhor Meskih, porque ele era uma boa pessoa, e nem mandasse o Sr. Frank embora, porque era um gerente muito educado e competente!
- Sim, filha! Nisso tens razão (sou eu que ando muito nervosa com tudo...)
Cao-Hellem, no seu coração, dizia: Nunca vou entregar mamãe à Polícia! (nem tampouco deixar que ela saiba dos meus planos com o Senhor Meskih)
E     assim, chamando-o particularmente, falou acerca disso e desfizeram todos os seus planos.
 
Porém, o que teria de acontecer, aconteceu...
De repente, várias viaturas desceram de um navio e ninguém estavam entendendo aquilo... E começaram a rodar pela ilha, pela beira-mar... Também começaram a sobrevoar toda a ilha aqueles morcegos negros e vermelhos (eram os helicópteros da Polícia Federal), que já começavam descer por toda parte.
Mas não houve tempo de fuga para nenhum deles. Os policiais deram fecho imediatamente, encostando-os na parede com fortes armas na cabeça.
Ali estavam Dra. Ideko de Sá, Cao-Hellem, sua filha, Senhor Meskih e as cabeças da boate (inclusive o Sr. Frank).
Todos já estavam sendo colocados nos helicópteros, algemados, quando brilharam entre eles, fazendo enorme clarão, Boorgom do Jamaçu e Wal-Rhoy, que, sorrindo, dizia-lhes:
- Calma, minha gente, porque aqui ninguém vai prender ninguém!
(e riram, colocando as armas na cabeça deles e algemando-os)
Wal-Rhoy, rindo, arrebentou a algema, dizendo:
- Que porcaria esses materiais de hoje, não é mesmo, amigos?
(espantaram-se)
Disse-lhe Boorgom:
- Tem razão, amiguinho! Isso aqui é muito frágil!
E arrebentou também a sua algema, dizendo:
- Eu acho Wal-Rhoy, que até a sua munição é de festim! Ah, ah, ah...
Os policiais: tremendo tentavam exibir valentia:
-      Chega de brincadeira! Quietos e mãos na cabeça, senão dou ordem para atirarem!
Porém Boorgom amassou o cano da metralhadora em questão de segundos e tomou todas as armas...
E disse-lhe Wal-Rhoy:
- É isso mesmo, amigo! É assim que se faz!
E mesmo assim não queriam soltar os prisioneiros. Deu um rebu dos diabos!... (mas, para não morrerem, soltaram-nos)
Eles entraram nos helicópteros tremendo de medo de morrer e diziam entre si:
- É melhor a gente buscar reforços e armamentos...
Depois disso veio a eles uma ordem do juiz, Dr. Broy Scaam, para que fosse feito um acordo, o que foi aceito.
Com isso, Susi Dumont, Kelli Strach e as demais garotas receberam indenização pelo tempo de casa e a oferta de permanecerem cada qual no seu lugar, com todos os direitos a que faziam jus (e principalmente com contrato assinado).
Tudo ali se normalizou: Cao-Hellem continuou trabalhando como sempre no seu escritório como advogada, porém, agora defendendo os processos da Ilha de Thurui.
Mas o pior de tudo é que a Polícia Federal nunca descobriria ao certo tudo o que havia acontecido por ali...

CAPÍTULO VIII
O jamaçu (de Bidd-Arabin)
(Seis meses depois...)
 
 
Lá estavam eles reunidos na grande casa, ali mesmo na Ilha de Thurui.
Boorg Sá estava lá para tratar de um grande problema (soltar os prisioneiros que estavam na Ilha dos Arabins), mas isso se tornara difícil para eles porque os brancos estavam nas mãos dos índios, pois haviam sido pagos por eles com ouro, e por esse motivo a tal reunião. (como resgatá-los?)
Nessa reunião estavam Boorg e Ideko de Sá (esposa), Cao-Hellem (a advogada), Stevan Sabah, Ruthi Heleza e Rhoy (menino de 12 anos), Boorgom do Jamaçu e Wal-Rhoy do jamaçu (que é o outro menino tirado de Rhoy, porém, esse, invisível), Senhor Rasther Meskih (motorista e capanga de Ideko de Sá); e Moorkim Pescador (o Negro Velho).
Ideko: Pois bem! Aqui estamos reunidos... E agora? Como faremos o resgate? (eu não vou abrir mão de tanto dinheiro) Sabe muito bem que nos foi dados muito ouro em troca... Se me chamam de avarenta, talvez eu seja... Mas para tirar os tais de lá... Haverá grande guerra, e eu não estou a fim de ver mais sangue derramado. (nem nosso, nem deles) Como vocês sabem, os brancos são escravos... Eles cuidam da agricultura ameaçados de morte, caso tentem fugir da ilha... Mas se não tentarem fugir, até que são bem tratados. O Cacique Selvagem (Bidd-Arabin), de selvagem me diria que ele só interpreta... Ele é muito esperto, porque vem diariamente ali nos navios buscar cargas de mantimentos e até mesmo porcos ele cria para vender. Será grande a luta contra eles!
Houve ali diversos planos para o tal resgate. Stevan Sabah e Ruthi Heleza concluíram entre eles que deveriam render os guardas daquela colônia indigna em que habitavam os escravos. (durante aquela noite de festa aos deuses deles, já que estariam distraídos...)
Ruthi acrescenta:
- Ainda mais que eles não permitiram que tirássemos o nosso avião de lá e deram um fim nele... Certamente venderam... Por isso precisamos vingá-los...
E caminhava pra lá e pra cá...
Rhoy: Calma mamãe! Não precisamos nada disso! Nós perdemos aquele avião, mas eu me tornei o Rhoy do jamaçu! Só não estou usando os poderes ainda porque Boorgom não me passou todas as informações necessárias! (mas os seus olhos já viram que o poder funciona)
Boorgom: Tem razão, menino esperto! Gosto muito do seu jeito...
- Vamos negociar com o Bidd-Arabin nesta noite.
- Como assim? Não estou entendendo!
- Depois eu te explico tudo direitinho...
Moorkim: Olha aqui... Eu gostaria de pedir uma coisa: que você não tire a vida do cacique! Faça isso, por favor! (ele é primo meu legitimamente) Por favor, me dê essa alegria!
- Sim, é claro Moorkim! Faremos isso por ti, não é Rhoy?
- Sim, Boorgom, é claro! (nossos planos não são tirar vidas)
- Vamos, Wal-Rhoy, que o nosso tempo é precioso! (vocês esperam...)
E saíram como um raio pelos ares e desceram lá na colônia dos escravos brancos. Todos pasmaram:
- Quem são esses que chegaram num raio, vestidos de branco?
A guarda de índios baixou suas armas e se afrouxou.
Porém, disse-lhes Boorgom:
- Não saiam daqui pra nada e nem pensem numa possível fuga.
(porque vamos negociar com Bidd-Arabin)
E assim os guardas se tranqüilizaram e eles se foram...  Fim.